Dos 18 até agora (21) - Feira de Santana - Vida adulta... Ferrou!

O campus era lindo. Me encantei com minha nova faculdade. Novos amigos! Uma cidade onde ninguém me conhece! Ai que paz! Vou poder ser quem eu quiser e tá tudo bem. 

Cheguei em feira pra morar num bairro afastado (onde moro até hoje) com um nome engraçado (SIM) que até hoje fazem trocadilhos infames quando me perguntam meu endereço. Tudo muito novo. Professores novos, pessoas novas, gente bonita, e principalmente, RAPAZES BONITOS.
Fui colocando na minha cabeça dessa vez que eu estava disposto a descobrir do que eu realmente gostava. Mas antes de tudo, calma, foco no curso porque tem muita coisa nova pra lidar.
Claro que eu já entrei achando que teria aula de fotografia no 1o dia né! Ingênuo!
E tome teoria! E mais teoria! Quando vou poder pegar numa câmera afinal? Calma que esse dia vai chegar! (E chegou mesmo).

1º semestre foi aquelas mil maravilhas né? Curso maravilhoso, pessoas maravilhosas, todas muito sorridentes, reggae todo final de semana na casa de um e de outro, estamos todos motivados a ser excelentes publicitários.
2º semestre chegou uma galera nova na sala, as panelinhas começaram a se formar e fortalecer, alguns alunos do semestre passado desistiram por n razões e senti falta de alguns.
3º semestre, comecei a perceber que aquelas mil maravilhas não eram tão maravilhosas assim. (Me referindo às pessoas da minha sala, não ao curso). Algumas máscaras foram caindo e a união se tornou em um grande ninho de cobras.
4º, 5º e 6º semestre - EM QUEM POSSO CONFIAR AFINAL? Será que essas pessoas que sorriem pra mim estão falando mal de mim pelas costas? Cansado. E isso é só uma prévia do que está por vir na minha vida adulta, tenho certeza.

Vamos falar do meu primeiro beijo com um cara? VAMOS!!! KKKK
Tinder, um cara de cruz das almas, conheci e conversamos por 2 meses até que ele resolve vir em feira me ver! AI MEU DEUS! 02 de abril de 2015, lá vou eu pro shopping encontrar ele. Momento de tensão. Íamos assistir a um filme pra dar aquele velho beijo no escurinho do cinema, mas não rolou porque ele precisava voltar pra Cruz na metade do filme. Não pagaríamos o ingresso pra ver meio filme. (Como se eu tivesse preocupado com a droga do filme, eu queria saber como era beijar um homem ora pois).
Não podemos nos beijar em público, tinha medo de algum parente ver (tenho parentes na cidade vizinha que quase sempre estão passeando pelo shopping e não aprofundei no assunto parentes porque detesto quase todos). E agora? Elevador? Estacionamento? Banheiro? NÃO! PELO AMOR DE DEUS BANHEIRO NÃO! É CRIME SABIA? Enfim, nessa de não saber onde beijar, estávamos subindo as escadas de acesso ao primeiro andar de estacionamento e vimos a movimentação. Estava tendo alguma exposição no 1o piso. E agora? O 2o? Lá tem o guardinha... Ai meu Deus, que agonia! Beija aqui mesmo!

EU ME TREMI TODO! Beijei o moço na escada, parti pra cima porque estava disposto a experimentar pra ver se era isso mesmo que eu queria e... Olha... Era isso mesmo que eu queria, viu?!
O beijo do homem é diferente do beijo da mulher, não sei explicar mas pra mim é melhor.
Depois de muita batalha com minha mente, tinha que aceitar que eu tinha gostado e que era isso que eu queria pra mim.

E a primeira festa lgbt? Fui morrendo de medo. Como nunca tinha ido, só imaginava homens sarados sem camisa passando pela festa e garços de sunga servindo uma bebida rosa com gravata borboleta... Bem esteriotipado mesmo. Quando vi, era uma festa como qualquer outra, só que a galera se beijava e ninguém ficava olhando ou achava estranho. Era tudo muito normal, e eu fui JURANDO que não ia pegar ninguém. Mas porque inventaram aquela tal de Skol Beats? 
Fui bebendo pra ver se conseguia me soltar mais, estava com medo do que iam pensar de mim, de como iam rir por eu ser inexperiente em chegar num cara ou coisa parecida...
Fiquei bêbado. Cheguei em muitos, levei alguns foras mas beijei 9 bocas.
Nunca tinha pego tanta gente numa festa só, e adivinha? Em menos de uma hora. 
No dia seguinte acordei com um pouco de nojo. Muita boca, muita bactéria, e uma ressaca infernal.
Mas caramba, beijei vários caras e foi muito gostoso! Era isso que eu queria pra minha vida! (Ser gay, não ser promíscuo. E tem muita gente acha que todo gay é promíscuo. Nananinanão!) 

Na metade de 2016 eu me via sendo eu mesmo na frente dos colegas de faculdade e fingindo ser hétero em casa. Meus pais perguntando se eu estava pegando alguma menina, e eu sempre mentindo ou inventando. Estava de fato me incomodando. Resolvi que precisava contar pra eles. Mas nunca gostei muito do termo "assumir". Quem assume, assume algo que fez de errado. Eu não tinha feito nada errado!

Contei primeiro pra minha mãe. Ela não gostou nada de saber disso. Inclusive jogou a culpa na cidade por ter me estragado e me disse coisas horríveis que me levaram a fazer terapia. Já meu pai me apoiou (para minha surpresa e para de todos). E desde então tem sido um pouco difícil conviver em paz dentro de casa. Muitas discussões envolvendo esse assunto, tudo tão desgastante...

Experimentei outras coisas além de beijos masculinos ao chegar em feira. Graças a Deus meu único vício é homem! KKKKKKKK, não sei se essa parte ficou pesada mas to sendo sincero aqui.

Vamos ver onde isso vai parar...

Comentários