De 0 a 9 anos - Salvador - Querida infância...

Vamos aos dados informacionais básicos... 
Daniel Barcys Casaes Valman nasceu numa Segunda Feira, dia 21/10/1996. 
Salvador - Bahia - Soteropolitano, moleque baiano!
Serumaninho de libra com ascendente em gêmeos e lua em aquário.
(To me sentindo exposto e isso é só o começo.)

Numa escala numérica de 0 a 10 sendo zero uma infância péssima e dez uma ótima infância, tive uma infância bem 10/10! Filho único né? Primeiro neto da família por parte de mãe, o querido, o centro das atenções. Esperado e planejado, tinha tudo pra ser o menino perfeito. (Risada irônica) (Pequeno spoiler: mal sabiam eles que não vim pra agradar ninguém.)

Morando em Salvador, papai trabalhava na Justiça Federal, saia de casa cedo e só voltava tarde da noite. Mamãe também trabalhava, só que dentro de casa. Fazendo bolo, doce, torta, cestas de café da manhã... Nosso pequeno Daniel foi cuidado por uma babá meio maluca chamada Neide que tirava a chapa pra assustar a pequena criança que não queria obedecer. Além disso, ela tentou me enganar dizendo que era minha mãe de verdade, e que eu tinha sido adotado pela minha mãe verdadeira. Não chegou a ser um trauma de infância, mas eu me via confuso. Sabia que era filho de mamãe, mas eu chamava Neide de mãe também.

"Essa criança é meio viada" pensou papai. Vou matricular no Caratê pra ver se toma jeito de homem. (Tá, não sei se foi isso que ele pensou, mas bem que podia ter sido hahaha). Entro no Caratê com 5 anos, participo de vários campeonatos, ganho troféus e medalhas e desisto ao chegar na faixa marrom porque ao passar pra faixa preta teria que lutar com uns meninos mais velhos e eu tinha medo. Além do mais, mesmo sabendo lutar, não gostava. E quando apanhava, tomava raiva e queria pular no pescoço de quem me bateu. 

Morei num condomínio onde todas as crianças eram mais velhas que eu uns 2 ou 3 anos. E nessa pegada, eu era sempre "café com leite" nas brincadeiras. Até mesmo na brincadeira da garrafa (onde perdi meu BV) com 8 anos. Todas as crianças tinham seus 10, 11 anos, e me deixaram participar apenas dando selinho. Eis que uma menina resolveu me dar um beijo de lingua. EU TIVE PESADELO! ACHEI NOJENTO E BABADO. (Não pelo fato de ser uma menina, afinal, eu achava que era hetero.) (Ops, outro spoiler.)

Amava ir pra escola. Era a melhor coisa da minha infância. Estudava no Vitória Régia que fica no Cabula, em salvador. Não gostava muito de acordar cedo (ainda não gosto) mas só de saber que ia encontrar meus amiguinhos, ficava mais feliz. A escola era enorme, tinha 3 prédios, era maravilhoso. E quando se é pequeno, tudo parece maior e mais encantador. Foi na própria escola que comecei a cursar teatro, porque era uma matéria como outra qualquer, e eu era fascinado. Ainda sou na verdade. Entre as peças que atuei na infância tem "Os quatro porquinhos" (porque tinha uma criança a mais na turma e ninguém seria deixado de lado, achei linda essa atitude do prof), fui um dos anões da "Branca de Neve" (o que é um pouco contraditório levando em consideração meu tamanho, sempre grande desde criança), e teve outra peça com dona Carochinha que englobava diversos personagens dos contos de fadas que não me lembro exatamente do que se trata.

Entre minhas pequenas paixões de infância, nunca esquecerei do meu primeiro amor. Yasmin. Me lembro que teve um dia que pedi pra mamãe colocar um terno em mim e pro meu pai comprar flores pra gente levar na casa dela. (Nossos pais se tornaram amigos porque achavam tudo aquilo muito fofo, mas a gente não namorava de verdade, era um lance de amizade com paixão. O pai dela não deixava eu beijar ela, e eu nem sabia direito o porque as pessoas que namoravam faziam isso, mas sabia que quem namorava beijava, então queria beijar também.) Primeiro amor é aquele negócio engraçado né, a gente nem sabe direito o que tá sentindo, a gente simplesmente sente.

E a primeira decepção amorosa? Lembro bem! Yasmin ia se mudar pra outra cidade e a gente não ia poder mais se ver. Só nas férias. Poxa! Eu lembro do quanto chorei. Minha mãe tentava não achar graça na situação, ela achava lindinho o sofrimento de uma criança. (Que, parando pra pensar, é meio cruel achar graça, mas é porque a visão de um adulto sobre criança é que eles não tem problemas reais. Eu meio que entendo os adultos hoje em dia, mas quando era criança achavam todos muito cruéis.) 

Um dia, simplesmente do nada, meu pai chega em casa com a notícia que vamos nos mudar também. Pra um interior bem longe de salvador. Lógico que eu não queria. Deixar meus amigos pra trás? Minha cidade que eu tanto gostava? (Não sei porque mas sempre amei Salvador desde quando me entendo por gente, por mais que muita gente reclame por vários motivos, não consigo deixar de amar com todas as minhas forças.) Mas é, íamos nos mudar pro interior porque papai ia ganhar mais. Fazer o que? Adeus amigos, a gente se fala, ou não também. Interior não é aquele lugar chato que não tem nada pra fazer? E não tem shopping? Como assim não tem shopping? Ai meu Deus, já vi que não vai ser nada legal...

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